No desenvolvimento de qualquer pesquisa científica os procedimentos metodológicos bem definidos asseguram a qualidade dos resultados obtidos. Nas Ciências Humanas e Sociais a entrevista é um dos instrumentos mais utilizados para a geração de dados nas abordagens qualitativas e, fora da academia, desempenha um importante papel em atividades da vida em sociedade. No campo das ciências da linguagem, dentre a variedade de métodos que tentam explicar os fenômenos observáveis de um objeto fascinante como a linguagem humana, a entrevista também ocupa um espaço de destaque ao lado da observação em pesquisas relacionadas com o ensino e aprendizagem de línguas, formação de professores, gestão linguística, documentação e análise linguística. Neste capítulo problematizamos a entrevista na pesquisa qualitativa para os estudos da linguagem numa perspectiva de base linguística e interacional. Para tanto, nos ancoramos em autores afiliados à linguística textual e análise da conversação, discutindo conceitos como gênero textualdiscursivo e acontecimento comunicativo interacional. Para alcançar o propósito deste estudo, adotamos metodologicamente uma abordagem naturalística (PAIVA, 2019) de cunho bibliográfico e teórico-analítico, partindo de uma concepção de entrevista que privilegia uma visão interacional e praxeológica do discurso em relação às atividades linguísticas e à comunicação, fortemente guiada pela perspectiva da etnometodologia (GARFINKEL, [1967] 2018). Assim, esta concepção “auto-organizacional, trata os objetos de discurso, as competências, os interlocutores, os contextos, como não pré-definidos ou dados a priori, mas como constituindo-se mutuamente e localmente” (MONDADA, 1997, p. 61).
Maria da Conceição Queiroz Vale
Samuel Figueira-Cardoso
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