Este trabalho apresenta o resultado de uma análise morfológica preliminar da língua Zo’é, falada por cerca de 300 pessoas e residentes no noroeste do estado do Pará. Os dados apresentados fazem parte de um corpus de textos gravados, transcritos e traduzidos para o português, bem como de inúmeros registros de campo, anotados foneticamente durante um período de 04 anos de convivência direta com os falantes nativos (1987-1991), com posterior análise fonológica e morfológica arquivada na Biblioteca Nacional em 23 de fevereiro de 1994 (registro N° 8.123 – Protocolo 260/94). Não obstante ser ainda um trabalho em andamento e sem maiores detalhes dos dados apresentados, configura-se hoje como a mais ampla apresentação de fatos gramaticais, publicados nesse idioma. Constitui uma plataforma de dados suficientes para conhecimento geral dessa língua e para novos estudos morfossintáticos desse idioma, ainda pouco explorado linguisticamente. Ao mesmo tempo, servirá também como ferramenta de apoio à Educação Escolar Indígena nessa etnia. O trabalho é apresentado em 15 tópicos principais, levando em conta as categorias gramaticais percebidas nessa língua, tais como: nome, pronome, verbo, posposição, numerais, advérbios, partículas e conjunções. Além disso, descreve também outros critérios gramaticais existentes, de maneira simplificada, mas suficiente para a compreensão básica de seu funcionamento, sendo: classe de temas e marcação pessoal, negação, interrogação e adjetivação. E, como estrutura morfológica, a reduplicação, locução e estrutura e formação das palavras. Embora, algumas dessas categorizações e conceituações estejam ainda em processo de análise e aguardando uma definição mais concreta a partir de novos estudos junto a essa comunidade indígena, optou-se pelo registro desses dados até que novas pesquisas confirmem ou rejeitem algumas hipóteses ainda pendentes, para a conclusão da descrição morfossintática desse idioma.
Carlos Alberto L. Carvalho
Edward Gomes da Luiz
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