Este trabalho tem por objetivo analisar os marcadores temporais constitutivos dos processos de referenciação em narrativas afiliadas ao lendário amazônico. A referenciação ocupa um lugar privilegiado nos estudos da linguagem, especificamente no âmbito dos estudos da cognição. As atividades referenciais envolvem processos sociocognitivos baseados em estruturas de conhecimento atreladas às experiências sociointerativas dos sujeitos. Tomo como referencial as postulações de Benveniste (2006), Fiorin (2002), Koch (2004, 2006), Marcuschi (2007) e Moura (2013). Marcadores temporais são elementos discursivos estruturantes das atividades textuais. Se isto acontece em textos dissertativos ou similares, pode constituir-se como um dos recursos principais de construção de textos narrativos, nos quais os fatores temporais prestam-se a contextualizar fatos e eventos, pontualizando a presença do locutor quanto à forma de localização temporal da atividade discursiva, de maneira que o leitor/ouvinte/interpretante possa compartilhar (de)/compreender o (trans)curso lógico-temporal, consoante princípios de aceitabilidade, por meio do que o produtor consegue dar sentido ao texto. Analiso dezessete narrativas referentes a quatro temáticas, concernentes às entidades Boto, Cobra, Matintaperera e Curupira. Diante dos fenômenos observados, constatei que as atividades referenciais encontram formas específicas de se realizar nos textos narrativos sob investigação, nos quais os marcadores temporais atuam como elementos imprescindíveis à construção das atividades sociodiscursivas.
Heliud Luis Maia Moura
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